Barcelona (Espanha), 18 abr (EFE). - Exames de neuroimagem podem
informar com 15 ou 20 anos de antecedência o aparecimento dos primeiros sinais
do Alzheimer porque detectam algumas mudanças cerebrais e uma fase pré-clínica
silenciosa e sem sintomas, o que abre a porta ao tratamento personalizado da
doença.
Conforme explicou à Agência Efe o responsável da Unidade de Neuroimagem da
Fundação Pasqual Maragall, Juan Domingo Gispert, esta nova técnica, que ainda
está em estudo, representa "uma virada radical" na investigação do
Alzheimer.
Nesta terça-feira, Gispert participou em Barcelona, na Espanha,
da apresentação do atual uso, evolução e futuro das técnicas de neuroimagem
para prevenir o Alzheimer, no terceiro encontro de voluntários e colaboradores
do Estudio Alf, com a presença de 2.743 voluntários que participam dele - o
maior grupo do mundo em pesquisas desta doença. Em 2012, os responsáveis deste
programa de pesquisa fizeram uma convocação para conseguir 400 voluntários,
"e em duas semanas 3 mil pessoas mostraram interesse em se voluntariar",
lembrou Gispert.
Os selecionados para participar do estudo são adultos saudáveis
com idades entre 45 e 75 anos, a maioria filhos de pessoas afetadas pela doença
e que periodicamente se submetem a testes genéticos e cognitivos, punções
lombares e exames neurais.
Segundo Gispert, através da combinação de técnicas de
neuroimagem e de outros marcadores é possível detectar para cada pessoa em que
etapa da fase pré-clínica ela está e quais são os fatores que podem contribuir
para o desenvolvimento da doença. Com a ressonância magnética e a tomografia
por emissão de pósitrons (TEP) é possível localizar no cérebro de pacientes
assintomáticos as placas que caracterizam esta demência, explicou o responsável
da Unidade de Neuroimagem da Fundação Pasqual Maragall.
Um subgrupo de 400 voluntários se submete também a duas
ressonâncias magnéticas, uma TEP de beta-amiloide, uma TEP de glicose e uma
punção lombar, que repetem de três em três anos durante décadas. O objetivo é
entender a história natural da doença e identificar os fatores de risco e os
indicadores biológicos que poderiam incidir seu desenvolvimento.
Entre os voluntários do estudo está Armand Oliva, de 64 anos.
Ela contou que se ofereceu em 2014 "para que a ciência e a medicina
pudessem avançar" e que sua experiência tem sido "muito
positiva". No passado, sua mãe foi diagnosticada com a doença aos 78 anos,
seu pai desenvolveu uma demência e um tio materno também teve Alzheimer.
Ela garantiu "não ter um medo especial de contrair a
doença", já que o fator genético "não é tão determinante", como
confirmou Gispert, que ressaltou que "a idade é o principal fator de risco
para ter Alzheimer". Uma de cada 10 pessoas com mais de 65 anos tem
Alzheimer, segundo o neurologista.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), no mundo há
47,5 milhões de pessoas Alzheimer e, caso não seja encontrada uma cura efetiva,
estima-se que em 2050 o número de casos seja o triplo
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