quinta-feira, 20 de abril de 2017

Neuroimagem pode antecipar diagnóstico de Alzheimer em 15 anos

Barcelona (Espanha), 18 abr (EFE). - Exames de neuroimagem podem informar com 15 ou 20 anos de antecedência o aparecimento dos primeiros sinais do Alzheimer porque detectam algumas mudanças cerebrais e uma fase pré-clínica silenciosa e sem sintomas, o que abre a porta ao tratamento personalizado da doença.
Conforme explicou à Agência Efe o responsável da Unidade de Neuroimagem da Fundação Pasqual Maragall, Juan Domingo Gispert, esta nova técnica, que ainda está em estudo, representa "uma virada radical" na investigação do Alzheimer.
Nesta terça-feira, Gispert participou em Barcelona, na Espanha, da apresentação do atual uso, evolução e futuro das técnicas de neuroimagem para prevenir o Alzheimer, no terceiro encontro de voluntários e colaboradores do Estudio Alf, com a presença de 2.743 voluntários que participam dele - o maior grupo do mundo em pesquisas desta doença. Em 2012, os responsáveis deste programa de pesquisa fizeram uma convocação para conseguir 400 voluntários, "e em duas semanas 3 mil pessoas mostraram interesse em se voluntariar", lembrou Gispert.
Os selecionados para participar do estudo são adultos saudáveis com idades entre 45 e 75 anos, a maioria filhos de pessoas afetadas pela doença e que periodicamente se submetem a testes genéticos e cognitivos, punções lombares e exames neurais.
Segundo Gispert, através da combinação de técnicas de neuroimagem e de outros marcadores é possível detectar para cada pessoa em que etapa da fase pré-clínica ela está e quais são os fatores que podem contribuir para o desenvolvimento da doença. Com a ressonância magnética e a tomografia por emissão de pósitrons (TEP) é possível localizar no cérebro de pacientes assintomáticos as placas que caracterizam esta demência, explicou o responsável da Unidade de Neuroimagem da Fundação Pasqual Maragall.
Um subgrupo de 400 voluntários se submete também a duas ressonâncias magnéticas, uma TEP de beta-amiloide, uma TEP de glicose e uma punção lombar, que repetem de três em três anos durante décadas. O objetivo é entender a história natural da doença e identificar os fatores de risco e os indicadores biológicos que poderiam incidir seu desenvolvimento.
Entre os voluntários do estudo está Armand Oliva, de 64 anos. Ela contou que se ofereceu em 2014 "para que a ciência e a medicina pudessem avançar" e que sua experiência tem sido "muito positiva". No passado, sua mãe foi diagnosticada com a doença aos 78 anos, seu pai desenvolveu uma demência e um tio materno também teve Alzheimer.
Ela garantiu "não ter um medo especial de contrair a doença", já que o fator genético "não é tão determinante", como confirmou Gispert, que ressaltou que "a idade é o principal fator de risco para ter Alzheimer". Uma de cada 10 pessoas com mais de 65 anos tem Alzheimer, segundo o neurologista.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), no mundo há 47,5 milhões de pessoas Alzheimer e, caso não seja encontrada uma cura efetiva, estima-se que em 2050 o número de casos seja o triplo



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