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Os prejuízos da combinação depressão e diabetes
    já foram levantados em estudos anteriores, como um maior risco para
    hipoglicemia. Agora, uma pesquisa da Universidade de Washington aponta
    que pessoas de meia-idade e idosos com diabetes tipo 2 apresentam declínio
    cognitivo e perda de memória mais frequentemente quando a doença está
    associada à depressão. 
  
Os resultados foram publicados online dia 14 de
    agosto no JAMA Psychiatry. 
  
Para avaliar o papel da depressão no declínio
    cognitivo em pacientes idosos, a equipe analisou dados de cerca de 3.000
    pessoas com mais de 55 anos de idade, diabetes tipo 2 e fatores de risco
    para eventos cardiovasculares. 
  
Em média, os participantes tinham a doença há
    cerca de nove anos. Um formulário de nove questões foi respondido para identificar
    sintomas de depressão nesses pacientes. 
  
Testes de habilidades cognitivas foram
    aplicados em todos os participantes no início do estudo e, novamente, 20
    meses e 40 meses depois. 
  
Uma avaliação mediu a velocidade psicomotora,
    ou quanto tempo leva o cérebro para registrar um estímulo, processá-lo e
    responder. 
  
Outro olhou para a capacidade de lembrar as
    palavras ao longo do tempo e um terceiro teste mediu o funcionamento
    executivo, ou como o cérebro usa memórias para planejar ações, prestar atenção
    e inibir comportamentos inadequados. 
  
Mais de 2.600 pessoas completaram os testes em
    todos os três momentos, sendo que 62% deles não apresentaram depressão em
    nenhum dos momentos, 18% estavam deprimidos no início do estudo, 16% a 17%
    apresentaram a doença aos 20 e 40 meses e 5% tiveram indicativos de
    depressão em todos os três momentos de tempo. 
  
Os pesquisadores descobriram que as pessoas com
    sintomas de depressão em qualquer ponto eram mais propensas a ter
    demências, como Alzheimer, do que as pessoas que não apresentaram sintomas
    da doença em nenhum momento. 
  
Eles afirmam que a depressão acelera o declínio
    cognitivo em pacientes com diabetes em um curto espaço de tempo, em todos
    os subgrupos de pacientes e em todos os domínios cognitivos avaliados. 
  
De acordo com os autores, a depressão está
    associada com um aumento nos hormônios do estresse, inflamação e outros
    processos que podem contribuir diretamente para o declínio cognitivo, e os
    prejuízos ao organismo causado pelo diabetes e suas complicações podem
    contribuir com esse quadro. 
  
Atente para sete sinais da depressão 
  
A depressão é uma doença que afeta mais de 350
    milhões de pessoas de todas as idades, gêneros e etnias, de acordo com a
    Organização Mundial de Saúde. 
  
Embora o risco de ter depressão seja maior
    entre as pessoas com histórico da doença na família, maus hábitos
    comportamentais (como dormir pouco e cultivar pensamentos negativos) também
    podem favorecer uma crise ou agravar ainda mais um quadro já em
    desenvolvimento. 
  
"Adotar atitudes mais saudáveis protegem
    seu corpo contra os sintomas da depressão, mas é preciso buscar tratamento
    depois que a doença se instala", afirma o psiquiatra Ricardo Alberto
    Moreno, professor doutor do Instituto de Psiquiatria da USP. 
  
Um dos principais problemas de quem sofre com
    este doença é acreditar que ele vai desaparecer por conta própria ou
    assumir que o mal-estar é permanente e faz parte da personalidade. Nada
    disso: se você apresentar, ao menos, um dos sinais listados a seguir e
    achar que ele tem prejudicado a sua rotina, aproveite para procurar um
    especialista. 
  
Dormir pouco 
  
"A falta do sono é um dos gatilhos para o
    aparecimento da depressão", afirma o psiquiatra Ricardo Alberto
    Moreno, professor doutor do Instituto de Psiquiatria da USP. Segundo o
    especialista, o organismo é regido pelo claro e escuro, ou seja, dia e
    noite. 
  
Assim, do ponto de vista biológico, você está
    programado para a realização de atividades no período diurno e para o
    repouso no período noturno. "Inverter essa ordem ou reduzir o tempo
    que deveria ser destinado ao sono provoca desequilíbrios físicos e
    psicológicos", diz. 
  
Enquanto dorme, o seu corpo libera hormônios, a
    atividade cerebral sofre alterações e a temperatura varia para permitir um
    bom desempenho das tarefas ao acordar. Interromper esse ciclo, portanto,
    pode afetar o metabolismo como um todo e servir de gatilho à depressão. 
  
O cuidado especial deve ficar por conta dos
    mais jovens. "Com uma rotina tão agitada e diante de tantos estímulos,
    como celular, computador e televisão, o sono tem sido deixado em segundo
    plano", diz o especialista. 
  
Insônia 
  
Além de favorecer a depressão por privar o
    corpo do tempo de descanso necessário para a realização de diversos
    processos fisiológicos, a insônia por si só está ligada a problemas
    orgânicos ou psíquicos. 
  
"As duas principais causas da dificuldade
    de pegar no sono são produção inadequada de serotonina, substância química
    que permite a transmissão de informações entre os neurônios, e
    estresse", diz o psiquiatra Ricardo. 
  
A psiquiatra Eutímia Brandão de Almeida Prado,
    do Hospital Universitário de Brasília, complementa dizendo ainda que a
    insônia também é um dos critérios para o diagnóstico da depressão. 
  
"As alterações neuroendócrinas que o
    paciente sofre geralmente afetam sua capacidade de dormir", afirma. O
    resultado, segundo ela, é um agravamento das alterações de humor. 
  
Sofrimento antecipado 
  
"Sofrer por antecipação pode precipitar um
    quadro de depressão", afirma a especialista Eutímia. Momentos de
    ansiedade e de estresse não são restritos a uma ou outra pessoa, mas passar
    por isso com frequência e cultivar pensamentos pessimistas sobre o futuro
    pode favorecer o desenvolvimento da doença. 
  
Pessoas com essa característica costumam ser
    insatisfeitas e nem sempre aproveitam plenamente ocasiões de prazer.
    Enquanto em alguns casos o sofrimento antecipado é decorrente da
    necessidade de controle sobre o que acontece, típico traço de uma
    personalidade insegura, em outros ele se torna paralisante, concretizando
    um problema. 
  
Perda de apetite 
  
Comer não é apenas uma forma de repor as
    energias perdidas ao longo do dia. "O hábito também está associado à
    sensação de prazer proporcionada pelo sabor e pela temperatura dos alimentos",
    afirma o psiquiatra Ricardo. 
  
Quem começa a entrar em um quadro depressivo,
    entretanto, deixa de sentir esse prazer, o que afeta diretamente seu
    apetite. De acordo com o especialista, são raros os casos em que o paciente
    passa a sentir mais fome já que a comida não ameniza sua insatisfação. 
  
A psiquiatra Eutímia afirma que isso faz parte
    de um quatro de anedonia ou incapacidade de sentir prazer. "A perda de
    apetite é um traço característico, mas a pessoa em depressão não se sente
    motivada a fazer nada daquilo que fazia anteriormente", explica. 
  
Perfeccionismo 
  
Querer as coisas do seu jeito e se apegar aos
    detalhes mais singelos pode não ser problema, mas quando se torna uma
    compulsão ou obsessão, pode favorecer a depressão. "Uma pessoa escrava
    do perfeccionismo sofre quando seu planejamento não dá certo ou não fica,
    no mínimo, de acordo com o esperado", afirma o psiquiatra Ricardo. 
  
Segundo ele, a constante frustração de quem
    estabelece metas mais altas do que pode alcançar não é saudável. "Seja
    criterioso com o que faz e veja o fracasso como um aprendizado, e não como
    um problema". 
  
Variação de humor 
  
"Todos os transtornos depressivos são
    caracterizados por variações de humor", diz a psiquiatra Eutímia. Na
    maior parte dos casos, o indivíduo permanece em um estado de tristeza
    constante, mas, no caso da depressão bipolar, há oscilações entre estados
    de tristeza e euforia. O diagnóstico de depressão ganha força quando as
    variações se tornam persistentes e duram mais de 15 dias. 
  
Segundo ela, apenas em uma consulta com um
    profissional é possível definir se as alterações de humor são normais ou se
    tornaram uma patologia. "Todos sofremos mudanças de humor ao longo do
    dia, mas quando isso começa a se tornar um fator limitante, ou seja, começa
    a impedir a realização das tarefas rotineiras, então o quadro precisa de
    tratamento", afirma. 
  
Solidão 
  
"A solidão se torna um problema quando
    repercute no desenvolvimento social ou profissional", afirma a
    psiquiatra Eutímia. Segundo a especialista, algumas pessoas gostam de ficar
    sozinhas e conseguem tornar esse momento produtivo, o que não caracteriza
    problema algum. 
  
O quadro muda apenas quando você evita
    situações por precisar interagir ou achar que a segurança do isolamento é
    sempre melhor do que a insegurança que ele pode sentir no meio social. O
    comportamento é uma armadilha para a depressão e precisa de tratamento. (Minha
    Vida) 
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